Isso mesmo. Deus não abandona os que caíram, os que tropeçaram, os que não seguraram as pontas. Deus continua amando os fracos, os desconsiderados, os que não conseguiram cumprir as promessas de santidade. É verdade! Deus continua me amando apaixonadamente, mesmo quando em minha fraqueza o entristeço.
Ele, em sua infinita graça, não me abandona. Deus não me propõe o divórcio, nem quando sou pego rompendo a nossa aliança de casamento. Ele continua cheio de amores por mim, ainda que eu esteja enfiado na lama. Sabe por quê? Porque Deus é também o Deus dos caídos.
O apóstolo Pedro foi um desses que traiu o seu Senhor; o negou de forma indesculpável. Não dava pra dizer que foi um deslize, um pequeno momento de fraqueza. Não dava pra apresentar justificativas. Pedro havia negado Jesus por três vezes, e na terceira ainda arrematou: “Não conheço esse homem” (Marcos 14:71).
O que ocorreu depois disso foi a constatação de um coração desabado em meio a muito choro. Naquela madrugada tudo se acabou. Pedro era um fraco. Até então só ele não sabia disso. Mas o seu pecado agora era público. Ele era mais um traidor aos olhos de sua igreja. Mais um daqueles que têm bons discursos, sem comprovação de vida. Ali, naquele momento, após ouvir o galo cantando (e lembrar-se das palavras do seu Senhor), Pedro entendeu que seu ministério estava arruinado, sua honra estava no chão. Definitivamente, não havia o que dizer à sua família. Não havia nem como orar a Deus.
Naqueles próximos dias, Pedro abraçaria as palavras de Davi e diria no intimo do seu coração: “Estou esquecido no coração deles, como morto; sou como vaso quebrado” (Salmo 31:12). Surpreendentemente, mais uma vez Jesus surge em sua vida – o amoroso Jesus que carrega em uma de suas mãos o perdão, e na outra a graça. Pedro não conseguia se perdoar. Depois de Judas, ele se via como o mais desacreditado entre os pastores de Sião. Deus, contudo, vê os seus filhos com outros olhos; com os olhos da graça. Por isso, manda um recado àquele que se via como o pior da igreja.
Logo na primeira mensagem de Jesus aos discípulos (enviada bem cedinho, no domingo da ressurreição), Pedro novamente é alcançado pelo grande amor de Deus. Os anjos dizem àquelas mulheres: “Ide, dizei a seus discípulos e a Pedro que ele vai adiante de vós para a Galiléia; lá o vereis, como ele vos disse” (Marcos 16:7). Repare o destaque: “… e a Pedro…” “Tem certeza que ele mencionou o meu nome?” – deve ter perguntado o incrédulo apóstolo. “Sim. Ele disse: avisa lá os discípulos e a Pedro. Foi isso mesmo que ele disse”. O Senhor ainda o queria ao seu lado.
Eu releio essa história muitas vezes pra mim mesmo. É um conforto também para o meu coração. Eu também sou um Pedro. Também não estive ao lado do meu Senhor em alguns momentos da minha vida. Também acreditei que eu podia fazer o que me propunha a fazer – e não fiz. Também pensei que eu era forte, e quebrei a cara. Mas o Senhor me mandou um recado (assim como fez com Pedro) dizendo que queria se encontrar comigo outra vez.
E eu fui.
Até estar diante Dele, eu era o Pedro daquela noite de ruína. Mas foi só reencontrá-lo e o meu coração se aquietou. Diante Dele vi que sou aceito e considerado como seu filho, não por causa dos meus acertos (que são poucos), mas porque a sua graça é maior que os meus desacertos. O Deus de toda a graça sempre me chama de volta. E sempre que vou até Ele, a paz é restabelecida entre nós. E sabe o que Ele me diz, sempre que a gente tá junto?
“Eu, eu mesmo, sou o que apago as tuas transgressões por amor de mim, e dos teus pecados não me lembro” (Isaías 43:25). “Também de nenhum modo me lembrarei dos seus pecados e das suas iniquidades, para sempre” (Hebreus 10:17).
E aí continuo seguindo a minha vida, debaixo da graça do meu Senhor.