No dia 20 de agosto de 2001 eu estava bem longe do Brasil. Era uma segunda-feira, na pequena cidade de DeBron, interior da Holanda, e eu participava do Concílio Mundial da Operation Mobilization, organização cristã que tem milhares de missionários espalhados pelo mundo e é mais conhecida pelos navios Logos e Doulos.

Deus me levou ali para, sozinho entre irmãos de várias partes do mundo, me fazer compreender que as mudanças sempre são para o meu bem. Naquele ano eu estava considerando deixar a igreja em que servi por 13 anos, mas tudo parecia muito confuso. Também ali, em DeBron, o Todo-Poderoso me disse de uma maneira muito clara que o que realmente importava era o que Ele pensava de mim, não o que alguns diziam a meu respeito.

Até então minha alma se contorcia ao saber (e eu sabia em detalhes) que pessoas muito próximas, que foram abençoadas e edificadas com o meu ministério, segundo elas mesmas declaravam, gradualmente foram se afastando até que se tornaram completamente distantes e se juntaram a gente adoecida que não queria o meu bem. Ali em DeBron, completamente só, o Senhor se aproximou de mim e suavemente disse ao meu ouvido que eu deveria esquecer as injurias, as calúnias, as mentiras, pois Ele sabia quem eu era.

Caminhando no meio de muitas pessoas, mas com uma tristeza imensa estampada no rosto, inesperadamente Deus joga diante de mim o texto de Jeremias 29.11 “Eu é que sei que pensamentos tenho a vosso respeito, diz o Senhor; pensamentos de paz e não de mal, para vos dar o fim que desejais”. Ali, por alguns instantes o tempo parou e tudo fez sentido. Como eu ainda não havia visto esse versículo na Bíblia? Ou vi e até então não tinha fome suficiente para compreender o seu sabor? Como tamanha grandeza me passara tão despercebida?

O fato é que em DeBron, naquele 20 de agosto de 2001, tudo mudou. Ali percebi que explicações nem sempre são necessárias. Os amigos não precisam delas, pois sabem quem você é, e aqueles que se fizeram seus inimigos jamais acreditarão em seus argumentos. Então, às vezes, o melhor a fazer é ficar em silêncio e deixar que Deus continue guiando sua vida. Você pertence a Ele, é propriedade exclusiva Dele, e Ele certamente sabe cuidar do que é Seu.

Ao lado do canal que passava aos fundos do Centro de Conferências eu orei intensamente ao Senhor e fiquei esperando o seu agir. Algum tempo depois Ele me respondeu de forma impressionante. Disse clara e inequivocamente que eu deveria me preparar, pois faria uma longa viagem. Só alguns anos mais tarde fui entender que se tratava de uma grande viagem ministerial. Desde então tem sido impressionante pastorear o Seu rebanho; não que não fosse antes, mas agora é admirável. Mesmo quando nada faz sentido ou tudo é simplesmente rotineiro, vejo Deus abrindo um largo sorriso pra mim. Na maior parte das vezes ninguém percebe, tudo parece normal, mas milagrosamente o meu Senhor discretamente me acena com uma das mãos e me diz em segredo: “Olha eu aqui! Eu não disse?”