Igreja é feita de relacionamentos. Sem se relacionar não há como ser igreja. A conversa dos “desigrejados” é pura bobagem de quem não teve um encontro com Cristo, ou teve e adoeceu socialmente, a tal ponto de não suportar mais a convivência com os pares, principalmente a que envolve a intimidade e o compartilhar de vidas, fundamental na vida em igreja.
Nem mesmo a má sorte de encontrar gentinha hipócrita e má, imiscuída entre os cristãos, justifica afastar-se do Corpo de Cristo.
Só quem realmente se envolve com a vida da igreja e trabalha no reino de Deus sabe que cuidar de trigo é tarefa realizada entre espinhos e todo tipo de sanguessugas e parasitas, que cresce numa velocidade assustadora. Mas isso não justifica eu me apresentar a Deus e dizer a Ele que um dia eu me afastei de sua igreja porque o joio era abundante e o trigo aparentemente fraco.
Deus não aceitará minhas palavras, se for isso o que eu lhe disser no Dia Final. Tais palavras só me condenarão. Aliás, nem Jesus afastou-se dos seus, mesmo sabendo de todas as falhas de seus discípulos. Na última noite com os apóstolos, Jesus não deixou a mesa da ceia dizendo que dela não mais participaria, uma vez que Judas, o “filho da perdição” estava ali. O que o Senhor fez? Manteve-se à mesa da comunhão. A traição naquela mesa não o afastaria – e não o afastou – de seus irmãos, pois as consequências da traição não caem sobre quem é traído, e sim sobre quem trai. Jesus, o ofendido e traído, continuou ao lado de sua noiva – de sua igreja. O traidor, por sua vez, perdeu pra sempre a comunhão com os irmãos.
Você foi traído, mesmo estando na igreja? Pois faça como Jesus. Mantenha-se à mesa da comunhão e relacione-se com os demais que não traíram, nem jamais trairão. Eles são os redimidos pela cruz e serão sempre a maioria nos campos do Senhor.
Deus quer que eu me relacione com a sua igreja, ainda que nela eu encontre alguns que jamais provaram de Sua graça. Esses rebeldes são “caronas” entre os eleitos do Senhor, assim como eram os filhos de Corá, Datã e Abirão entre o povo de Deus, durante a peregrinação pelo deserto. Os filhos de Corá, Datã e Abirão comeram do maná, beberam da água que brotou da rocha, foram conduzidos à noite por uma coluna de fogo, e de dia por uma nuvem, contudo, eram descrentes entre os crentes, joio entre o trigo, rebeldes vivendo entre os submissos à vontade do Senhor. Por isso, Deus ordenou que a terra os tragasse (Números 16.1-40).
Não relacionar-se com a igreja é também sintoma de soberba espiritual. O “Eu me basto” passa a ser o lema destes, que os transforma e os alinha ao “acusador dos irmãos” (Apocalipse 12.10).
A igreja tem problemas porque ela é composta de problemáticos arrependidos em busca de redenção. A igreja tem, sim, pecados, mas o seu pecado também revela a superabundante graça de Deus, que se manifesta na comunhão dos que aceitam a justificação pela graça (só pela graça) em Cristo Jesus. Estes andam juntos e se aceitam e se perdoam, pois sabem que nada são, senão pela misericórdia de Deus. Estes entendem a Palavra, que conclama: “Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima” (Hebreus 10.25)