Um dia desses uma moça contou a mim e a Mônica (minha esposa) o dilema que estava vivendo: ela tinha muito prazer em receber sexo oral, mas ouvira de seu pastor que isso era pecado. E agora teria de dizer ao seu marido (não cristão) para parar com essa prática.
É interessante isso. A paranóia de alguns os leva a falar em nome de Deus o que Deus nunca disse. Na Bíblia não há um versículo sequer, que diga: “Em verdade, em verdade, vos digo: farão isto na cama…” ou então: “Alegrai-vos no Senhor também na área sexual, entretanto, de modo algum praticarão isso ou aquilo…”
Deus – que foi quem teve a brilhante ideia do sexo – diz muito pouco (ou nada diz) quando o assunto é sexo no casamento. Já pensou nisso? Deus tem listas e listas dizendo com quem não se deve transar, mas nada fala quando se trata de sexo no casamento. Enquanto isso, o que tem de gente mal amada por aí, tentando complicar a vida dos outros… É a turma que está sempre “ensinando” o que Deus não falou.
“O cristão pode transar assim, mas não pode transar desse jeito”.
“Essa posição pode, aquela outra, de jeito nenhum”.
“Deus permite isso. Deus não permite aquilo”.
“A boca pode ser posta aqui. Ali, jamais”.
Curiosamente, o Senhor reserva um silêncio eloquente sobre as práticas sexuais no casamento. Sabe por quê? Porque isso é tão íntimo que o próprio Deus deixou que o casal resolvesse diante Dele o que melhor lhes satisfizesse. Do primeiro ao último livro da Bíblia não há qualquer passagem sobre “como” o casal cristão deve se relacionar sexualmente. Há sim, princípios, que devem ser observados.
O primeiro deles é o princípio da Liberdade. Todo casal é livre para aproveitar sua sexualidade como melhor lhe parecer, desde que seja realizada em Cristo Jesus, isto é, sob os princípios da nova vida em Cristo. “Para a liberdade foi que Cristo nos libertou” (Galatas 5:1). Isso significa que o casal cristão tem liberdade para experimentar sua sexualidade, desde que não envolva terceiras pessoas nessa relação. O envolvimento de outras pessoas na relação sexual é uma “abominação” ao Senhor (Levítico 18:18; Isaías 57:7-8), pois Deus trata tal situação como pecaminosa. Retirando a situação do adultério ou do sexo grupal, não há qualquer restrição sexual ao casal, desde que ambos concordem.
O segundo é o princípio da posse. Todo o corpo do marido pertence à esposa, e todo o corpo da esposa pertence ao seu marido. Ao casar-se, tanto o marido não é dono de seu corpo, e sim sua esposa, quanto também o corpo da esposa não mais lhe pertence, e sim ao seu marido. O texto de I Coríntios 7: 1-4 é claro ao afirmar que: “O marido conceda à esposa o que lhe é devido, e também semelhantemente a esposa, ao seu marido. A mulher não tem poder sobre o seu próprio corpo, e, sim, o marido; e também, semelhantemente, o marido não tem poder sobre o seu próprio corpo, e, sim, a mulher” (I Coríntios 7:4).
Na relação sexual é preciso considerar também o princípio do amor. A Palavra de Deus declara que o amor não constrange, não “força a barra”, não reivindica direitos de posse. Antes, tudo espera, tudo aguarda, renuncia, abre mão do direito, por amor. Tudo por amor. “O amor não pratica o mal contra o seu próximo” (Romanos 13.10a). A liberdade sexual entre o casal não pode infringir o princípio do amor. Ainda que ambos tenham liberdade em Cristo de se relacionarem sexualmente, tudo só poderá acontecer se ambos concordarem em amor.
A cama do crente deve considerar ainda o princípio da glorificação. A relação sexual deve ser experimentada de tal maneira que, ao final, o casal possa glorificar a Deus pelo que acabaram de fazer. O ato sexual na vida de um cristão deve ser entendido como um culto a Deus, pois toda a vida de um verdadeiro cristão precisa expressar louvor e adoração a Deus.
Tente esquecer toda a cultura religiosa que nos impregnou de culpa enquanto fomos crescendo e nos tornando adultos e veja o sexo como algo bom, criado por Deus. Foi Ele quem planejou todos os arrepios, os sussurros, os suores, os odores próprios da sexualidade, os gemidos até a explosão final de prazer. Foi tudo obra de um Deus santo que espera ser glorificado por isso também. “Porque, se vivemos, para o Senhor vivemos; se morremos, para o Senhor morremos. Quer, pois, vivamos ou morramos, somos do Senhor”. (Romanos 14.8). A verdadeira vida cristã não dissocia sua espiritualidade da vida social, da vida sexual, da vida financeira etc. Tudo é culto ao Senhor.
Por fim, mas não menos importante, a cama do crente deve considerar o princípio do prazer. Sexo é prazer! Se Deus tinha em mente que o sexo deveria ser experimentado apenas para fins de reprodução da espécie, por que a libido (desejo) não ocorre apenas a cada período de gestação (no nosso caso, a cada nove meses), como ocorre nas demais espécies animais? Por uma razão muito simples. Deus tem interesse em que seus filhos não apenas se reproduzam, mas também tenham intenso prazer. Ele quer que seus filhos se relacionem sexualmente também pelo bem-estar do prazer.
Que fique claro: o Senhor dá liberdade para o casal desfrutar do sexo da forma que melhor entender. Basta observar os Seus princípios, que se resumem em princípios de santidade e liberdade em Cristo Jesus.