Não há um domingo sequer, que não tenha pessoas visitando a minha igreja. Por favor, “minha” no sentido de pertencimento, como “minha família”, “meus pais”, “meus irmãos”; não no sentido de posse. Pois bem, em minha igreja, domingo após domingo, é possível conversar com muita gente, boa parte vinda de comunidades cristãs lideradas por homens centralizadores, que mudaram a verdade para dominarem e se beneficiarem. Esses visitantes são oriundos de igrejas divididas, conflituosas, humanizadas que se perderam na caminhada e passaram a viver em detrimento de si mesmas. São comunidades que gradativamente foram ficando sem missão, com programações vazias e uma mensagem sem relevância. Não é sem razão que Leonard Ravenhil declara que “a igreja costumava ser um barco resgatando pessoas. Agora é um cruzeiro recrutando pessoas promissoras”.

Esses irmãos, vindos de igrejas com esse perfil, não são fracos espiritualmente, rebeldes ou “desigrejados”. Eles chegam silenciosos e não falam mal de suas comunidades de origem, apenas dizem (quando perguntados) que estão à procura da igreja de Deus, santa, bíblica e fiel à Palavra, que tenha sua missão bem definida. Algumas semanas se passam até se descobrir que esses irmãos não queriam deixar suas igrejas de origem, mas foram “expulsos” por defenderem a verdade, por anelarem santidade, por insistirem que o fim principal da igreja é a glória de Deus, não a dos homens.

Desde a descida do Espirito Santo, a igreja caminha vitoriosa, apesar das duras batalhas e subversões. Já no inicio de sua história, todo tipo de engano e decepções tornou-se parte de sua caminhada. Não foram fáceis aqueles primeiros anos. O caso de Ananias e Safira deu o que falar: mentiam para parecerem piedosos, e foram duramente disciplinados. Mais tarde encontramos Diótrefes, um pastor invejoso que detestava até mesmo os apóstolos, a ponto de impedir a igreja de receber o apóstolo João (III João, 10-11). Muitos abandonaram a fé, outros se fizeram perseguidores daquela que um dia os acolheu e os consolou em suas dores, levando Paulo a escrever: “Muitos andam entre nós, dos quais, repetidas vezes, eu vos dizia e, agora, vos digo, até chorando, que são inimigos da cruz de Cristo” (Filipenses 3.18).

O que me consola é que as lutas não mudam o passo da igreja. Apesar das crises, ela continua avançando com graça e santidade, pregando a verdade por meio da fiel exposição das Sagradas Escrituras. Nessa igreja simples, poderosa e guardada pelo Senhor, vidas ainda continuam a ser transformadas; gente que não acreditava mais em vida cristã é restaurada e se torna parte do reino de Deus. Nessa igreja, a presença do céu é marcante e perceptível, pois boa parte dos que estão ali busca a real dimensão de quem são: servos que têm como missão principal honrar o nome do seu Senhor.

Não tenho dúvidas de que sou um bem-aventurado, pois pertenço a uma igreja que prega o Evangelho com a leveza e a profundidade que só o Espírito Santo pode dar, uma igreja fiel às Escrituras e que acolhe a todos quantos querem viver só para a glória do seu Redentor.