Há uma glória que o verdadeiro cristão tem e que jamais lhe será tirada. É a glória de sofrer. Sofrer por amor a Cristo. Parece loucura associar glória – que sempre vem acompanhada de vitória, alegria e realização pessoal – com dor, aflição e lutas. Mas é assim mesmo. Os autênticos cristãos sofrem, mas tudo se transforma em glória. E como não seria? Paulo, escrevendo aos filipenses, diz que aos cristãos – “foi concedida a graça de padecer por Cristo e não somente de crer nele” (Fil. 1.29). Observe bem: “graça de padecer por Cristo”. Padecer, afligir-se, sofrer por Cristo é uma “graça”, um “favor imerecido”, um presente de Deus, que só os que creem têm o privilégio.

Os falsos não têm essa glória. Eles estão em todo lugar, misturados entre os autênticos, mas não experimentam a “graça de padecer por Cristo”. Há muita gente trabalhando em ministérios de comunidades cristãs, sendo que na intimidade não creem em nada do que está sendo dito ali. Já me esbarrei com vários nessa condição.Tornar-se membro de uma igreja, qualquer um pode, desde que pareça minimamente cristão e convença a liderança evangélica de que se é o que de fato não é.

A Bíblia é clara em mostrar quão fácil é passar-se por cristão sem que o seja. A parábola do trigo e do joio desfaz qualquer dúvida de que tal não possa acontecer. Você se lembra de Judas? Ele se disfarçou de discípulo até o final e ninguém desconfiou que ele era o “filho da perdição” (João 17.12). Não é difícil ser enganado até por gente que se passa por líder em uma igreja. João, escrevendo sua terceira carta, menciona um tal Diótrefes, que – pasme – liderava uma igreja, mas não acolhia os apóstolos, antes proferia contra eles “palavras maliciosas”, impedia outros irmãos de recebe-los e ainda expulsava da igreja os que agiam com hospitalidade (III João 9-11). Há muito falso cristão pregando em nome de Jesus e até fazendo sinais em nome dele, sem crer numa única palavra da cruz. A estes, no juízo final, Jesus dirá: “Nunca vos conheci”. (Mateus 7.21-23).

Sim, parecer cristão qualquer um pode. Contudo, o que diferencia o verdadeiro cristão do falso é o sofrimento por amor a Cristo. Quando o assunto é sofrer por Jesus, só os autênticos cristãos conseguem, porque eles recebem essa graça. Eles recebem a glória de passar pelo sofrimento como vencedores. Os verdadeiros cristãos sofrem porque não aceitam que o nome do seu Senhor seja achincalhado, menosprezado. Eles sofrem porque se recusam a sujar suas vestes com a malícia desse mundo. Eles sofrem porque preferem o abandono de todos e a consequente solidão, do que a decisão de negar o seu Redentor.

Os autênticos cristãos recebem as dores da cruz, por amor a Cristo, e não recuam um passo sequer, não reformulam a sua forma de pensar e crer, nem refazem sua confissão de fé para agradar a maioria. Eles continuam firmes e esperançosos no Senhor, na certeza de que sua fé pode desagradar uma multidão, mas terão recompensa certa do seu Salvador. Essa é a sua glória.

E o que eles ganham com isso? Ganham a integridade de ser. Eles não são os “bem-aventurados” do sermão da montanha? Não fosse assim, Jesus não teria dito: “Bem-aventurados sois vós quando, por minha causa, vos injuriarem, e vos perseguirem, e, mentindo, disserem todo mal contra vós. Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; pois assim perseguiram os profetas que viveram antes de vós” (Mateus 5.11-12).

Esteja certo, a vida para os cristãos autênticos não é fácil. Mas essa glória ninguém tira deles.